terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Meu Amigo Vinícius e Seu " Infinito Enquanto Dure"

  Sou uma pessoa apaixonada por Literatura brasileira. Todos os estilos, diferentes poetas e prosadores me encantam. Mas um certo senhor nunca me desceu a garganta. Seu nome: Vinícius de Moraes. Enquanto eu via as pessoas se derretendo por seus sonetos, eu não conseguia achar encantamento neste distinto senhor.

  Primeiramente, porque nunca curti muito bossa nova; acho um tanto elitista e fútil. Mas o foco é a poesia.

Mas o principal motivo era essa maldita oração: " Que não seja imortal, posto que é chama. Mas que seja infinito enquanto dure". O porquê de minha indignação com este carismático  moço, eu explico. 

  Na minha concepção, um outro sentimento é metafóricamente a chama, pois é intenso e acaba. Esse sentimento é a PAIXÃO. E paixão, queridos, não é amor.


  Então, na minha leiga cabecinha, eu não aceitava que este homem falasse de amor e paixão como se fossem coisas iguais. Achava um absurdo. Mais absurdo ainda era saber que o Senhor Vinícius foi casado várias vezes... Eu pensava: Esse homem é um tremendo esperto, fazendo poesia romântica para conquistar as moças.


  Mas duas coisas aconteceram para que eu e Vinícius fizéssemos as pazes. A primeira que ocorreu foi em uma aula de literatura. Nesta aula, com um professor incrível, este analisava com a turma o " Soneto Da Fidelidade". E algo que ele disse, e que poucos entenderam, uma vez que nem todo mundo tem sensibilidade para a poesia, me fez começar a entender Senhor Vinícius.


  O professor disse que as mulheres se derretiam por tal poema, porque era um poema que falava da fidelidade. E também disse que todas estavam enganadas. Que em seu soneto, ele não é fiel à sua amada, mas sim ao seu amor. Ao sentimento que ele nutre. O eu lírico será fiel ao amor dele, ao sentimento que ele nutre. Essa informação já me fez mudar um pouco o pensamento sobre Vinícius...


  Mas o que mudou realmente minha opinião sobre o meu amigo, e principalmente, mudou minha opinião sobre o amor, foi a velha e boa decepção. Porque quando estamos apaixonados, confundimos amor com paixão... Amor com comodismo... Amor com medo de ficar só... E cheguei a conclusão de que o amor acaba sim... E é uma regra... Com exceções..

  
  O amor acaba, não no sentido de morrer, mas como se fosse o momento em que se tira a foto. Ele não volta mais, mas sempre se terá a lembrança de ter tirado aquela foto, na própria foto. O AMOR ACABA SIM! Por isso temos tantos amores, sem que cada um perca sua importância e singularidade. O que raramente acontece é o amor se renovar, sempre pela mesma pessoa.. A isso damos o nome de amor eterno e à esta pessoa, alma gêmea.

  Dessa forma, meu amigo Vinícius, já não creio mais ser o certo dar toda minha dedicação e carinho e tempo à uma só pessoa, acreditando que ela fará o mesmo. 

O amor é pra ser compartilhado, aprendido e ensinado. 
Não seria egoísta, Senhor, querer oferecê-lo a somente um ser?? E viver nos mesmismos das convenções?
A não ser que a mágica aconteça. Mas como saber? Prefiro viver a ilusão do amor eterno.
Pra não perder a esperança de que ele exista.

  Acho que entendi a alma de Vinícius...

  Que seja infinito... Que se aproveite o máximo.. Que se viva o que tem de ser vivido... Que e aprenda e ensine o que for necessário... Que o tempo pare em um minuto de beijo
  Enquanto dure... Se nem a vida é pra sempre... 

Dedicado a Vinícius de Moraes.


Srta. Beomd 





2 comentários:

Filipe Couto disse...

Me senti parte desse texto! Adorei as reflexões e a naturalidade do seu discurso. Ótimo!

Cris Beomd disse...

Vindo de você, professor e poeta, é uma honra e me dá muita felicidade! Obrigada, Filipe.